quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MOTORADIO - Random Mode 3.000 Songs


The Beatles - "A Hard Day's Night" (A Hard Day's Night, 1964)
Sepultura - "Dialog" (Kairos, 2011)
David Coverdale & Jimmy Page - "Shake My Tree" (Coverdale/Page, 1998)
U2 - "Red Hill Mining Town" (The Joshua Tree, 1987)
Kings Of Leon - "California Waiting" (Youth & Young Manhood, 2003)

Rock é rock.

sábado, 5 de novembro de 2011

PEARL JAM - SET LIST 04/11 - SÃO PAULO


"THE" ROCK CONCERT

Foi ainda melhor que o sensacional show do dia anterior.

"Esse é o maior público da nossa turnê. Que tal fazer um show mais longo para vocês?", disse Eddie Vedder já com a platéia no bolso. Sem arriscar muito no português ("Desculpem falar em inglês, mas meu português é uma merda" foi a única frase inteira que ele disse em nosso idioma), Eddie e seus amigos arregaçaram com um set de 29 músicas, nada menos que 17 não tocadas no show de quinta-feira. Repetiu menos da metade do repertório entre uma apresentação e outra.

Uma conta rápida: se em dois dias os caras tiraram 55 músicas, repetindo apenas 12 do repertório, significa que curti 43 canções diferentes da minha banda preferida, in loco, ao vivo, na bucha, no meio da multidão. Não existe banda melhor para ser fã.

SET LIST:

01. Go
02. Do The Evolution
03. Severed Hand
04. Hail, Hail
05. Got Some
06. Elderly Woman Behind The Counter In a Small Town
07. Given To Fly
08. Gonna See My Friend
09. Wishlist
10. Amongst The Waves
11. Setting Forth
12. Not For You / Modern Girl
13. Even Flow
14. Unthought Known
15. The Fixer
16. Once
17. Black
BIS 1
18. Just Breath
19. Inside Job
20. State Of Love And Trust
21. Olé
22. Why Go
23. Jeremy
BIS 2
24. Last Kiss
25. Better Man / I Wanna Be Your Boyfriend
26. Spin The Black Circle
27. Alive
28. Baba O'Riley (The Who cover)
29. Yellow Ledbetter

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

PEARL JAM - SET LIST 03/11 - SÃO PAULO



O MELHOR DO MELHOR

O melhor show do Pearl Jam que um fã já viu será sempre o próximo.

Tempo de concerto batendo em 2h10. A entrega dos caras e o vocal do Eddie destruindo o local. O set list imprevisível, fechado com a banda já no local do show, criando uma expetativa do caralho a cada canção executada.

Nesta quinta-feira, 03/11, o primeiro concerto em solo brasileiro para comemorar os 20 anos da banda, o set list foi perfeito. Foi o melhor show deles que eu já vi na vida. E estou ciente que verei um melhor ainda na sexta-feira.

SET LIST:

01. Release
02. Corduroy
03. Why Go
04. Animal
05. World Wide Suicide
06. Got Some
07. Even Flow
08. Unthought Known
09. Whipping
10. Daughter / w.m.a.
11. Olé
12. Down
13. Save You
14. The Fixer
15. Do the Evolution
16. Porch
BIS 1
17. Elderly Woman Behind The Counter In a Small Town
18. Just Breathe
19. Come Back
20. I Believe In Miracles (Ramones cover)
21. Alive
BIS 2
22. Comatose
23. Black
24. Better Man
25. Rearviewmirror
26. Rockin' In The Free World (Neil Young cover)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

TE AMAREI PARA SEMPRE, de Robert Schwentke

"The Time Traveler's Wife" - EUA - 2009 - Ficção Científica/Drama - 107min. Roteiro: Bruce Joel Rubin, baseado no romance homônimo de Audrey Niffenegger. Com Eric Bana, Rachel McAdams, Ron Livingston, Jane McLean, Hailey McCann, Tatum McCann.

Doutor Destino

Embora sejam absurdos e obviamente inverossímeis em seu plot, filmes sobre viagens no tempo são fascinantes. Mesmo os mais fracos, como Déjà Vu, conseguem prender a atenção da audiência com os obrigatórios paradoxos temporais e suas consequências.

Te Amarei para Sempre (vergonha alheia pelo açucarado título brasileiro), surpreende por mostrar um drama familiar tendo o romance como força motriz, sob o mote de viagens temporais, no caso, do personagem Henry DeTamble (Bana), que simplesmente nasceu com uma anomalia genética que o transporta ao passado e futuro sem que ele possa controlar. Em uma dessas viagens, conhece a criança Clare Abshire e passa a encontrá-la através do tempo, criando uma curiosa ligação com a personagem.

Inteligente com o roteiro que lhe foi confiado e com seu público, Robert Schwentke evita dar maiores explicações sobre os "poderes" do protagonista e estabelece uma dinâmica surpreendentemente fluída entre Clare, as manifestações do Henry viajante e os paradoxos temporais - ela se apaixona por um Henry envelhecido vindo do futuro e encontra um Henry jovem no presente, invertendo a situação de acordo com o passar dos anos. Assim, Clare convive com duas versões do mesmo homem. O roteiro é amarrado de forma a explorar muito bem os paradoxos, com as duas versões de Henry desempenhando papéis importantíssimos para o desenrolar da trama.

Eric Bana, sempre um ator duro em suas atuações, consegue equilibrar as versões do seu personagem, passando a angustia de aparecer em algum lugar estranho sem aviso prévio ou a serenidade de alguém que  já conhece doçuras e agruras do próprio futuro. Rachel McAdams, jovem atriz que usa seu olhar com talento desconcertante, compõe Clare da forma mais graciosa que já vi em um personagem seu - ela nunca esteve tão naturalmente linda e delicada como neste filme.

Se o círculo se fecha de forma coerente ao final do longa, a conclusão nos coloca diante de um curioso ponto filosófico: se por um lado Henry não possui controle algum (não sabe quando ou para onde está viajando) e não consegue alterar fatos ocorridos (assiste ao acidente que vitima sua mãe no início do filme diversas vezes), por outro molda suas ações com Clare e o planejamento de sua vida ao lado dela de forma a aproximar ao máximo sua trajetória da lendária entidade que chamam de "destino".


NOTA: 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PEARL JAM TWENTY, de Cameron Crowe


"Essa será A BANDA dos anos 90", diz um alucinado Andrew Wood em espantosa cena inicial do documentário celebrativo Pearl Jam Twenty. Ele estava profeticamente certo, só não imaginava que sua própria morte seria o início de tudo.

Impossível racionalizar o bem estar que coisas abstratas do seu mundo são capazes de proporcionar. Coisas aparentemente simples, como estar de bem com sua família; se divertir com seus melhores amigos; curtir o som da sua banda preferida. Sua banda.

Quando sentei no lugar numerado na sala (sim, cinema com lugar marcado NO BRASIL), fiquei a observar a entrada dos sujeitos que pagaram para assistir o documentário de uma popular banda  americana que completa vinte anos de atividade. Tais sujeitos não pareciam ter vinte anos vida. Mas estavam lá, vários trajando camisas de flanela e usando rabo de cavalo. No cinema.

Eu acompanhei um bom naco da vida desta entidade em tempo real. Mesmo alheio ao seu íntimo, seu processo de criação e suas motivações, conseguiu me conectar com aquelas palavras cantadas em outra língua por um vocalista visceral e fraseados de guitarra hard-classic-dirty. O Pearl Jam é a minha banda.

E nasceu das cinzas do Mother Love Bone, banda de Andy Wood. Mostrado em cenas raras, Wood era um futuro rock star que morreu como tal antes de sê-lo. Seu baixista e seu guitarrista - Jeff Ament e Stone Gossard - seguiram em frente e fundaram um embrião de banda com um surfista de San Diego que enviou uma fita pelo correio. Por que as histórias de sucesso avassalador sempre nascem de forma romântica, alimentando crenças absurdas sobre destino e teorias imponderáveis?

Mesmo acompanhando o PJ em tempo real ao longo dos anos e conhecer boa parte das histórias e lendas nas quais o filme é baseado, é impossível não se emocionar com a compilação de imagens e depoimentos selecionados de alegadas 3 mil horas de material. A cronologia é organizada pela canção que acompanha a cena. Versões envelhecidas e grisalhas dos relutantes heróis contrapondo cabeludas faces joviais. Personagens importantes ganham voz. Kurt Cobain apresenta uma dinâmica no filme que arrefece a lendária rivalidade entre PJ e Nirvana de forma desconcertante. Chris Cornell, sempre de postura fria e distante, aparece mais de uma vez com olhos marejados em seus depoimentos.

Eddie Vedder, 46 de vida, mantém a timidez e os trejeitos do início da carreira. Seja em imagens atuais ou de arquivo, Eddie se mostra sempre introspectivo e desconfortável fora dos palcos. Também não aparenta resquício daquela energia incontrolável que o fazia pular sobre as costas dos seus parceiros ou escalar estruturas de palco durante os shows, comprovando que quando seus demônios internos não te matam, envelhecem com você. Eddie parece estar sempre se perguntando “por quê?”; nunca entendeu o status alcançado por ele e seus amigos de longa data, mas aprendeu muito bem como canalizar tal poder: fazer continuamente o que gosta e drenar uma garrafa de vinho por concerto. Quando aparece falando e mostrando fotos antigas, dá a clara impressão de ser alguém que poderia ser meu vizinho ou um colega de classe, mesmo nos dias de hoje. Provavelmente o convidarei para tomar uma comigo e meus amigos quando a turnê chegar a São Paulo.

Cameron Crowe, cineasta e jornalista talentoso, conhecedor de rock e fã da banda desde o início, foi o responsável por selecionar os momentos que entrariam na película. É considerado um amigo pelos caras, portanto, é meu amigo também. Tomou decisões discutíveis, como excluir o excelente álbum No Code do documentário, colocando apenas uma fala de Eddie justificando que o disco era o mais impessoal dos quatro gravados até então. Não alardeou que o Pearl Jam é a banda mais influente do seu tempo, mais que o incensado Nirvana, mais do que os astros do britpop. Decidiu sabiamente deixar a condução da narrativa a cargo da dupla que começou tudo, Ament e Gossard. Recheou o filme com canções memoráveis em versões inéditas e com aparições importantes (Neil Young, por exemplo). E destacou as idiossincrasias da banda, como a imprevisibilidade dos seus set lists.

Crowe capturou a essência do que é aquilo tudo. Uma banda que nasceu de um momento trágico e sobreviveu às falhas inerentes ao ser humano, inspirou milhões a curtir seu som com membros desprovidos de vocação para rock stars.  Celebrou com gosto os vinte anos da única banda do chamado "movimento grunge" que sobreviveu ao rifle de Kurt Cobain.

O filme conclui o que eu e milhões de seguidores desta entidade já sabíamos: não há grande segredo por trás do sucesso do Pearl Jam. É emoção pura. Coisas abstratas do mundo deles os mantiveram juntos, fazendo boa música com integridade, por muito tempo. São as coisas simples e irracionais, aquelas coisas que proporcionam bem estar.

É sua família. Seus amigos. Sua banda.



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

MOTORADIO - Random Mode


Tocou hoje no modo randômico do meu player:

Lou Reed - "Perfect Day" (Transformer, 1972)
Steppenwolf - "The Pusher" (Steppenwolf, 1968)
System of a Down - "Spiders" (System of a Down, 1998)
The Clash - "London Calling" (London Calling, 1979)
U2 - "Bullet The Blue Sky" (The Joshua Tree, 1987)
The Stooges - "I Wanna Be Your Dog" (The Stooges, 1969)
Creed - "Overcome" (Full Circle, 2009)

Rock é Rock.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O rock está morto? Vida longa ao Rei!

"Antes de Elvis, não existia nada".

A frase atribuída a um dos mais arrogantes rock stars de todos os tempos - John Lennon - simboliza hoje, 57 anos após ter gravado seu primeiro single, uma verdade indubitável: Elvis Presley é o Rei do Rock. Não foi o criador do estilo - aliás, o cara era um intérprete genial que passeava entre gêneros com competência única - mas sem dúvida foi Elvis quem colocou o rock no mapa da popularidade e da histeria adolescente. Foi também o disseminador da "atitude rock and roll" ao expor sua rebeldia sem causa; chocava a américa conservadora com danças provocativas, empunhava sua guitarra com fúria jovem, teve a existência auto-destrutiva típica de um rock star e fez escola ao morrer dos excessos da fama. Foi o primeiro da espécie a ter projeção maciça na mídia e era um artista sem paralelo. Merece reconhecimento e respeito enquanto a entidade "música" existir. E digo mais: toda banda que se propõe a fazer rock deveria pagar tributo e tirar um som do Rei em seus shows.

Qualquer coisa que se fale sobre o ícone Elvis é amplamente conhecida, portanto, vou parando por aqui. O título do blog não me dá o direito de ser redundante. Mas me obriga a listar minhas canções preferidas da prolífica Carreira Real:
  1. "Guitar Man" (Clambake, 1967)
  2. "A Little Less Conversation" (Almost In Love, 1970)
  3. "Power Of My Love" (From Elvis In Memphis, 1969)
  4. "Rubberneckin'" (Almost In Love, 1970)
  5. "If I Can Dream" (Elvis NBC - TV Special, 1968)
  6. "Burning Love" (Burning Love and Hits From His Movies Vol. 2, 1972)
  7. "Suspicious Minds" (From Memphis to Vegas/From Vegas to Memphis, 1969)
  8. "Spinout" (Spinout, 1966)
  9. "Sylvia" (Elvis Now, 1972)
  10. "Little Sister" (Elvis Golden Records Vol. 3, 1963)
  11. "Heartbreak Hotel" (Elvis Golden Records Vol. 1, 1958)
  12. "Clean Up Your Own Back Yard" (Almost In Love, 1970)
  13. "Stuck On You" (Elvis Golden Records Vol. 3, 1963)
  14. "Are You Lonesome Tonight?" (Elvis By Request - Flaming Star, 1961)
  15. "Way Down" (Moody Blue, 1977)
  16. "That's All Right" (For LP Fans Only, 1959)
  17. "Blue Suede Shoes" (Elvis Presley, 1956)
  18. "Memories" (Elvis NBC - TV Special, 1968)
  19. "Jailhouse Rock" (Elvis Golden Records Vol. 1, 1958)
  20. "Tutti Frutti" (Elvis Presley, 1956)
  21. "A Fool Such As I" (Elvis Golden Records Vol. 2, 1959)
  22. "In The Gheto" (From Elvis In Memphis, 1969)
  23. "Lawdy Miss Clawdy" (For LP Fans Only, 1959)
  24. "Sweet Caroline" (On Stage, 1970)
  25. "Can't Help Falling In Love" (Blue Hawaii, 1961)

Vida longa e próspera, Majestade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

"DESCONHECIDO", de Jaume Collet-Serra

"Unknown" - UK/AL/FR/CA/JP/US - 2010 - Thriller/Ação- 113min. Roteiro: Oliver Butcher e Stephen Cornwell, baseado no romance "Out Of My Head" de Didier Van Cauwelaert. Com Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Frank Langella, Bruno Ganz, Aidan Quinn.


"Esse livro não é tão bom, mas renderia um filme de ação bem bacana. Vejamos: tenho um ponto de partida intrigante, e uma conclusão divertida e satisfatória. A platéia vai vibrar quando for revelada a natureza da confusão do protagonista. Mas como preencher quase duas horas de filme entre o início promissor e a revelação bacana? Ora bolas, com perseguições pelas ruas de Berlim, lutas, algum suspense, uma partner linda - será que Diane Kruger é inadequada para viver uma taxista? -  e um ator com credibilidade para viver o desmemoriado protagonista... Matt Damon já viveu um desmemoriado? Ok, o papel cai melhor para  um bom ator de meia-idade que saiba fazer filmes de ação. Vamos usar um tema da moda, sustentabilidade, biotecnologia, essas coisas atuais e politicamente corretas. Peraí, cacete... É melhor desenvolver melhor a tal taxista, afinal, por que diabos ela se envolveria com um americano desconhecido, perseguido por gente armada e perigosa? Quer saber, os caras vão ficar pasmos com as cenas de ação - e com a revelação bacana -, nem vão questionar isso. Ele vai sofrer um acidente, ficar em coma, acordar sem os documentos. Assim ninguém vai acreditar quando ele disser que é o tal doutor. E como vou fazer um estrangeiro sem documentos, vitima de um grave acidente, mentalmente confuso, sair de um hospital alemão para curtir a trama bacana que estou pensando para ele? Pela porta da frente! Os caras vão ficar pasmos com as cenas de ação - e com a revelação bacana -, ninguém vai perceber essa pequena concessão. Arrumo dois atores de respeito para serem coadjuvantes de luxo - ligarei para o Frank Langella e um bom ator alemão - escalo uma beldade da moda para ser esposa do protagonista -  a loira do seriado Mad Men está no auge da fama - e pronto. Um jovem diretor estrangeiro atrairá os "indies" para o cinema. Fechou. Vou ligar para a Warner."

E assim Joel Silver contratou a equipe e rodou seu filme, provando de uma vez por todas que os fins não justificam os meios.

NOTA: D


quinta-feira, 30 de junho de 2011

"O CAÇADOR", de Hong-jin Na

"Chugyeogia"- COREIA - 2008 - Policial - 125min. Roteiro de Shinho Lee e Hong-jin Na. Com Yun-seok Kim, Jung-woo Ha, Yeong-hie Seo, Seong-kwang Ha.

O país do cinema "anti-fórmula"
O cinema coreano e sua importante lição: se não é original, seja criativo.

Joong-ho Eom foi expulso da polícia por corrupção. Agora um cafetão ganancioso, desconfia que duas das suas meninas fugiram com o dinheiro que este investira na carreira delas. Quando a terceira desaparece, começa uma investigação por julgar que algum "concorrente" está aliciando e vendendo suas funcionárias. Eis que descobre que o destino das garotas é pior que o imaginado: foram capturadas (e, subentende-se, mortas) por um serial killer. Pegando o maníaco à unha, o entrega à polícia local (sem querer fazê-lo, é verdade). Fim de história, certo? Nada. É apenas o início deste que é o mais intrigante filme do gênero desde Seven.

Com as cartas na mesa desde o princípio - o serial killer é preso e confessa ter assassinado doze pessoas -, o então estreante cineasta Hong-jin Na investe em uma trama à prova de fórmulas e das coincidências inerentes aos enredos de Hollywood.

O curioso cinema praticado na Coréia do Sul tende a apostar no realismo, na violência funcional e em personagens de carne e osso. Não há espaço para ingenuidade ou catarse (é só lembrar de Oldboy). E o complicador: nas exíguas vezes em que ocorre alguma coincidência salvadora, é o vilão quem tira proveito do benefício.

E já falei demais.

Enxuto, tenso e, acredite, bem humorado, o roteiro segue sem concessões até o final, quando descobrimos que em um mundo perfeito, as pessoas procurariam resenhas de um filme somente após assisti-lo.

NOTA: A




"TERRITÓRIO RESTRITO", de Wayne Kramer

"Crossing Over" - EUA - 2009 - Drama - 113min. Roteiro de Wayne Kramer. Com Harrison Ford, Ray Liotta, Ashley Judd, Jim Sturgess, Cliff Curtis, Alice Braga, Alice Eve, Summer Bishil, Jacqueline Obradors, Justin Chon.

Sonho americano formulaico

"Eu adoraria fazer um filme independente, mas assim que meu nome é confirmado no projeto, ele deixa de ser independente".

A frase é atribuída à Harrison Ford, e não há arrogância nenhuma nessa fala; o cara está coberto de razão. Não fosse sua cara na capa, talvez eu passasse longe desse filme montado à moda do superestimado Crash - No Limite. E talvez o roteiro fragmentado jamais virasse película.

O filme tem a pretensão de mostrar as agruras e felicidades de imigrantes em busca do american dream naquele esquema de vários arcos que se encontram, mas derrapa feio ao pintar cores fortes demais em todos os seguimentos. Além da exaurida fórmula utilizada para contar a história, o enredo exagera tanto na disposição dos estrangeiros para correr riscos e ignorar limites em troca do green card como na particularidade estereotipada das famílias retratadas. Tudo isso suportando a cara de sono de Ford e a pele espichada do canastra Ray Liotta.

Todas as micro-histórias são estéreis de emoção, exceto uma: a da menina árabe perseguida pelo FBI após escrever uma redação escolar afirmando "entender os motivos que levaram ao 11 de setembro" e por ser "muçulmana simpatizante ao Jihad", segundo a agente responsável pelo caso. A paranoia americana e o Ato Patriota são usados como catalisadores do ódio de forma verossímil. Por causa desse arco, Território Restrito escapou de ganhar uma merecida nota vermelha.

NOTA: C-

sexta-feira, 17 de junho de 2011

FILMES PASSADOS (porque nunca é tarde para resenhar)

AUSTRÁLIA, de Baz Luhrmann (Autralia, AUS/EUA/UK, 2008, Drama - 165min). Roteiro de Stuart Beattie e Baz Luhrmann. Com Nicole Kidman, Hugh Jackman, Brandon Walters, David Wenham, Bryan Brown.

Baz Lurhmann materializou sua megalomania: história grandiosa, romance e tragédias -  fetiches coronários para meninas. Austrália é o tipico "filmão", longo e épico, abarrotado de clichês propositais e homenagens à Era de Ouro do cinema. Sem cerimônia, várias cenas e canções emulam clássicos de outrora. Se Tarantino pode homenagear seus inspiradores, Luhrmann também tem esse direito. Os furos no roteiro  incomodam (principalmente na construção dos personagens) mas não condenam o filme, que, não duvide, saiu como seu realizador idealizou, frame por frame. Até a manjada cena do "beijo na chuva". NOTA: C+


O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD, de Andrew Dominik (EUA/CAN, 2007, Western/Drama - 160min). Roteiro de Andrew Dominik baseado no romance de Ron Hansen. Com Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell, Jeremy Renner, Mary-Louise Parker.

Jesse James era um bandido e também uma celebridade, talvez a primeira a ser registrada na América. O Assassinato... é um western lento, longo e contemplativo, mas de cenas intensas e performances magníficas do trio principal Pitt-Affleck-Rockwell  (Brad Pitt impressiona como o protagonista). Dividido basicamente em dois atos, o primeiro apresenta um Jesse James inteligente e cativante, quando chegamos a temer pela concretização do seu destino. Já no segundo ato, revela-se o fora-da-lei impiedoso e paranoico, com uma intuição sobrenatural que quase faz desandar a trama. Sorte que Pitt leva o personagem na rédea curta e jamais perde o foco. Quando ocorre o previsto (mais pela concretização do título do filme e menos pela forma intrigante como acontece), já não temos mais tanta condescendência com o bandido famoso ou tanta repugnância pelo covarde Ford. Um filme realizado com esmero e que merece ser apreciado. NOTA: A


DESAFIANDO O ASSASSINO, de Richard Fleischer (Mr. Majestyk, EUA, 1974, Ação - 103min). Roteiro de Elmore Leonard. Com Charles Bronson, Al Lettieri, Linda Cristal, Paul Koslo.

Que Steve McQueen, que nada! O maior (anti) herói de ação dos anos 70 chama-se Charles Bronson. Como o ex-combatente do Vietnã que só quer cuidar da sua plantação de melancias, Bronson dá um show de canastrice  e sangue nos olhos enfrentando um assassino profissional obcecado em matá-lo. Embora o roteirista seja o famoso escritor Elmore Leonard, a trama é cheia de furos e soluções duvidosas, mas a direção é segura nas bem elaboradas sequências de ação. Charles Bronson, explosões, lutas e diversão. Não esperava mais que isso e fui contemplado. NOTA: B


sexta-feira, 20 de maio de 2011

THOR, de Kenneth Branagh

EUA - 2011 - Aventura/HQ - 114min. Roteiro de Ashley Miller e Zack Stentz. Com Chris Hemsworth, Natalie Portman, Anthony Hopkins. Tom Hiddleston, Stellan Skarsgard, Kat Dennings, Clark Gregg, Idris Elba, Ray Stevenson, Jaimie Alexander, Rene Russo.


Prequel divertido

É difícil não gostar de Thor quando se acompanha os quadrinhos da Marvel desde criança (no meu caso, desde os 6 anos de idade).

Não me refiro à qualidade cinematográfica do longa, pois os problemas da adaptação são muitos. Estou falando da nostalgia, dos deuses imortais, da ponte do arco-iris e seu guardião (Heimdall), do Destruidor, de Loki, da exagerada e dourada Asgard, de Odin e, principalmente, de um filme de super-herói em uma aventura típica de gibi.

Se Homem de Ferro e O Incrível Hulk mantém-se firme em busca de um tom mais realistico, Thor escancara a fantasia das HQs, enquadrando até a S.H.I.E.L.D. neste conceito. Tudo, claro, com o intuito de incluir o Deus do Trovão no universo criado em celulóide que culminará no longa-metragem dos Vingadores, o projeto mais ambicioso do formato desde que Richard Donner lançou Superman em 1978.

Essa atmosfera e a quantidade de boas cenas de ação são alguns dos poucos elogios que posso tecer à Kenneth Branagh, cineasta especializado em Shakespeare seduzido pelos milhões e o apelo das adaptações quadrinísticas (será que ainda há dúvidas de que trata-se de um novo gênero cinematográfico?). A propósito, é um grande mérito da Marvel atrair cineastas autorais para seus projetos (vide Ang Lee, Sam Raimi e Bryan Singer), ainda que, ao contrário dos citados, Branagh não tenha oferecido muito além daquilo que já mencionei, combinando ângulos mirabolantes e vilões bem conduzidos. Sua propalada fama de diretor dramático pouco representa à trama do deus que é banido do seu reino pelo próprio pai para aprender lições de humildade na Terra. 

O grande problema de Thor como cinema é a rapidez com que o arrogante protagonista torna-se humilde e digno da compaixão de Odin após passar aparentemente um único dia na Terra; seu relacionamento com a mortal Jane Foster (Natalie Portman de férias), que se apaixona pelo rapaz esquisitão após meia dúzia de diálogos; e a incômoda impressão de que as soluções são apressadas e sem compromisso com a plausibilidade.

Ainda assim, Thor diverte bastante como "filme de gibi" para os iniciados e como "filme de ação" para quem não dá a mínima para história em quadrinhos.

Em tempo: se há alguma ousadia nesta adaptação, é a de servir descaradamente como prólogo para Os Vingadores, impressão reforçada pela reveladora cena após os créditos.

NOTA: B



MOTORADIO: The Strokes - Angles (2011)

O rock precisa de salvação?

Algumas pessoas acham que sim.

Uma puta que já pariu Berry, Presley, Hendrix, Zappa, Fogerty, Angus, Clapton, King, Bowie, Mercury e até os gêmeos Page & Plant, Lennon & McCartney, Jagger & Richards precisa ser salva por quem?

Se o mundo fosse dominado por fanáticos religiosos em 1979 e o rock banido para sempre da vida terrestre, a quantidade e qualidade do que fora produzido até então supriria qualquer necessidade satânica enquanto existisse energia elétrica. Duvida? Olha de novo os nomes em negrito.

Então, porque os coitados dos meninos dos Strokes precisam salvar a porra do rock o tempo todo???

Não precisam e não o pretendem, como atesta esse Angles, tão bom e tão característico como qualquer álbum anterior dos Strokes.

Se alguém me disser que "Under Cover Of Darkness" não caberia entre as 11 faixas do Is This It, tal qual um Eddie Murphy antigas eu perguntarei: whyyyyy? Dançante-não-vulgar, é rock com vocal emotivo e sem filtro, uma das músicas que mais tenho ouvido ultimamente. A melhor. E se a banda teve coragem de colocar a melhor do disco em segundo na ordem de trilhas, é porque existe mais coisa boa na sequência. "Two Kinds Of Happiness" segue a pegada "início dos 80's", com um Julian Casablancas caprichando na emoção vocal. A propósito, taí algo legal no disco: Casablancas parecia inseguro nos dois plays iniciais e não registrou nenhum vocal sem filtro. Até hoje não é dado à variações vocais, mas desde o sensacional First Impressions Of Earth, limitou os truques de estúdio e consegue usar o natural com criatividade. Ok, às vezes ainda usa um filtro, um efeito inofensivo, ou simplesmente acompanha o riff, como na eletro-rock bacanuda "Taken For A Fool". Em "Gratisfaction", a batera do Fabrizio Moretti ajuda no refrão Beatle. Batera não-virtuose bacana esse Moretti...  Fecha o play a bela "Life Is Simple In The Moonlight". Yep.

A cerveja só esquenta quando os messias do rock querem fugir do be-a-bá com eletronices excessivas ("Games"), ensaiam reggae de playboy ("Machu Picchu") e mandam uma bossa nova sem vergonha ("Call Me Back"). Eles devem ter escrito essa para ficar bem claro que nunca salvarão a bossa nova.

NOTA: B 

terça-feira, 10 de maio de 2011

VICIO FRENÉTICO, de Werner Herzog

"Bad Lieutenant: Port Of Call New Orleans" - EUA - 2009 - Policial - 121min. Roteiro de William M. Finkelstein. Com Nicolas Cage, Val Kilmer, Eva Mendes, Xzibit, Brad Dourif, Michael Shannon, Jennifer Coolidge, Fairuza Balk, Tom Bower.

Enquanto assistia Vicio Frenético, o filme O Troco, aquele com Mel Gibson, me veio à lembrança. Não que sejam de fato parecidos, tampouco existe similaridade física ou psicológica entre os dois protagonistas, mas a estrutura do filme, na qual quase não existe cena sem o personagem principal ou arcos paralelos, é idêntica. Também é similar a forma como o personagem parece estar de afundando em encrencas sem solução. Ok, o filme de Gibson não tem o senso de humor de Vício Frenético e Porter nem de longe é tão problemático quanto Terence McDonagh.

É legal ver Nicolas Cage no modo "Academy Award nominee" ao invés do sonolento ator de bobagens como Perigo em Bangkok. O personagem é trágico e engraçado ao mesmo tempo: com dores crônicas na coluna, o cara é viciado em analgésicos e toda sorte de droga ilegal que existe. Cage compõe o personagem com um dos ombros levemente mais alto que o outro e caminha vagarosamente, demonstrando a dor que sente e ganhando a simpatia da audiência. Recém promovido à tenente de polícia, precisa solucionar o homicídio de uma família de africanos em Nova Orleans, na época do furacão Katrina.

O filme apresenta personagens bizarros; Val Kilmer aparece em cena apenas para mostrar que seu personagem é mais calhorda que o protagonista; Eva Mendes está mais bonita que de costume, mas também não tem muito a fazer no filme além de colocar McDonagh em mais encrenca.

O bacana aqui é acompanhar o protagonista e seus métodos politicamente incorretos de investigação (em uma cena hilária, McDonagh tortura duas velhinhas em um asilo para obter informações), e o tom menos pesado impresso pelo veterano cineasta Werner Herzog, que optou por um final pouco realista, mas eficiente e sem pontas soltas.

NOTA: B

segunda-feira, 25 de abril de 2011

MOTORADIO: Foo Fighters - Wasting Light (2011)

O Foo Fighters é uma banda cheia de méritos.

MÉRITO UM: Expor a hipocrisia de grande parte da crítica roqueira.
Sim, porque os profissionais da caneta rocker juram amores ao Foo Fighters desde o primeiro e homônimo play, e o que mais se vê na crítica especializada é caras reclamando que tal banda "se repetiu" ou que "a fórmula desgastou" e coisas do tipo. Também descem a enxada em bandas de grande apelo pop, como se vender bem e ter um alcance maior que a lotação máxima de um boteco significasse baixa qualidade. 

Pois bem, o Foo Fighters é tão pop, mas tão pop, que até o Zeca Camargo gosta. E é uma banda que grava o mesmíssimo disco desde o ótimo The Colour And The Shape (1997), aprimorando a fórmula riff bacana + melodia marcante + refrão grudento. E aí está o segredo do sucesso, sem apedrejamento gratuito da crítica e com maciço apelo público. Para ilustrar essa parcialidade dos críticos, tomemos como exemplo o Pearl Jam e Metallica: os caras gravam grandes discos sem se repetir, mas são espinafrados exatamente por causa disso; são pressionados a criar um novo Ten ou Master Of Puppets, algo que não vai acontecer.

E vamos admitir: embora sejam discos bacanas, In Your Honor (2005) e Echoes, Silence, Patience and Grace (2007) estão situados na entressafra criativa da banda após o grande One By One (2002).

MÉRITO DOIS: Nunca se parecer com o Nirvana
Com o Foo Fighters, Dave Grohl deixou bem claro que o Nirvana era a banda do Kurt. Se Cobain estivesse vivo, lamentaria não ter dado mais espaço criativo àquele batera novo.

MÉRITO TRÊS (o mais importante): Ser uma grande banda e gravar discos incríveis
Apesar da condescendência da crítica em momentos menores, o Foo Fighters é sensacional. Uma puta banda, coesa, segura, liderada por um dos melhores front man da atualidade. Já lançou sete discos de inéditas, todos ótimos (embora ache os dois citados acima um tanto mais fracos) e ainda tem "o cabra" Dave Grohl.

O que finalmente me leva a Wasting Light: nº 1 da Billboard, diz-se que foi gravado na garagem de Grohl. Trata-se do disco mais "rock-grudento-trabalhado" desde There Is Nothing Left To Lose (1999), a pérola pop da banda, e tem qualidade musical comparável ao excelente One By One. Com uma guitarra a mais (Pat Smear foi "efetivado") Grohl e seus caboclos criam uma verdadeira parede sonora. Como There Is Nothing..., Wasting Light também prende do início ao fim com belas canções e refrões marcantes (eu não disse "fáceis"), riffs peguentos e rockões para dirigir batendo os dedos no volante. "Rope" já é uma das canções do ano: inicia com um efeito de guitarra e culmina em um riff do tipo "como ninguém nunca gravou isso antes?", tamanha beleza e identificação imediata. Com um  backing vocal esperto do Taylor Hawkins, tem um refrão inspirado. A letra parece simples mas também é esperta, pois insinua o sentimento de "esperança" aproveitando a semelhança gráfica entre as palavras "rope" e "hope". Uma das melhores músicas do Foo Fighters. "White Limo", rápida e gritada como se Grohl estivesse despencando de um penhasco, sugere uma homenagem ao ídolo Lemmy e seu Motorhead. Enquanto "Arlandria" briga com "These Days" pelo título de refrão mais grudento do disco, "Back & Forth" e "A Matter Of Time" garantem a pegada sem perder a melodia. "I Should Have Known" é a balada não-baba que todo bom disco de rock deveria ter; se liga no baixo desse som e na emoção do Dave ao cantar sobre perda e rancor. Belíssimo... "Walk" fecha o disco com mais uma melodia linda e uma letra que fala sobre o peso de recomeçar sempre - e da necessidade de não fazê-lo sozinho.

Wasting Light é sensacional, um disco para ouvir inteiro e com prazer; é um trampo feito com cuidado, é rock de verdade com um inegável acento pop, uma saudável mistura de influências que coloca Beatles, Led Zeppelin, Motorhead e o "grunge" (o pó de onde veio Dave Grohl) a serviço da boa música e do rock 'n' roll. Isso é o Foo Fighters e seu consagrado estilo, em um dos momentos mais inspirados da sua carreira.

NOTA: A


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CONSTATAÇÕES III (pré-carnaval)



1) Tudo que cada ser humano tem de bom e de ruim pode ser atribuído a um único pecado capital: a vaidade;

2) Fiquei tanto tempo sem ouvir Whitesnake que quase esqueci como David Coverdale é bom;

3) Caboclos também assistem filmes sobre balé ("Cisne Negro"), desde que o diretor seja foda (Darren Aronofsky), tenha uma protagonista linda e dedicada (Natalie Portman), e seja indicado à cinco Oscar (prêmio pop, mas influente);

4) É impossível ir embora do Bar do Nozoie enquanto as portas estão abertas;

5) Trabalhar com toneladas de papel na mesa é chato pra caraio;

6) Gary Moore morreu uma morte das lendas: obstrução da traquéia por regurgitação de vodka e sanduiche de presunto;

7) "Counterparts" é o melhor disco do Rush;

8) O carnaval está chegando. Isto significa que Deus já alugou uma casa de praia para as férias;

9) Ser alvo do desejo sexual alheio deveria ser lisonjeiro para todo mundo, o ano inteiro.

domingo, 30 de janeiro de 2011

GENTE GRANDE, de Dennis Dugan

"Grown Ups" - EUA - 2010 - Comédia - 102min. Roteiro de Adam Sandler e Fred Wolf. Com Adam Sandler, Kevin James, Chris Rock, David Spade, Rob Schneider, Salma Hayek, Maria Bello, Maya Rudolph, Joyce Van Patten, Colin Quinn, Steve Buscemi.


Quem vê essa turma reunida, começa imaginar a quantidade de pastelão e baixaria que vai encontrar, principalmente se atentar para o diretor, o mesmo de Zohan - O Agente Bom de Corte, também  com Adam Sandler. A propósito, Dugan é o diretor fetiche de Sandler, já que trabalhou com este em nada menos que cinco filmes, sendo três os últimos trabalhos de Dugan. Se amam.

Mas voltando ao início, o pastelão até está lá (o gordinho Kevin James foi o escolhido), mas felizmente, a grosseria característica ficou bem amena.

Posso dizer que este é o mais próximo que Sandler e Dugan podem chegar de fazer um filme "para toda a família" (apesar de ter Rob Schneider no elenco), já que o enredo gira em torno de amigos de infância quarentões que se reunem em família para curtir um feriadão, fazendo coisas como cozinhar, brincar em um parque aquático, jantar fora e mostrar para os filhos que há vida além de video games e internet. E dessas situações triviais, o roteiro do próprio Sandler precisa fazer sua graça. Aí entra o entrosamento e a química impressionante do quinteto principal. Claramente improvisando bastante, os caras fazem com que todas as cenas em que estão juntos soem espontâneas e divertidas, tornando crível a idéia de que vivem uma amizade de décadas. Nem dá para falar em atuação; é realmente um encontro de amigos (sem comparar os filmes e atores pelamordedeus, mas é como considero o trabalho dos protagonistas de Onze Homens e Um Segredo).

Apesar de chover no molhado - "a vida adulta é um porre se comparada à juventude" - e mandar aquela "mensagem" final que o cinemão americano adora, o filme acaba pegando de jeito quem tem compromissos semelhantes e se coloca (ou se imagina) na situação de reunir bons amigos e familiares para curtir um período sem responsabilidades, urgências e prazos. Afinal, se fazemos amigos e constituimos família é com objetivo principal de nos sentir bem. Na juventude ou na maturidade, nos divertir ao lado de quem gostamos é o que faz a vida valer a pena.


NOTA: B


sábado, 29 de janeiro de 2011

METAL NO NOZOIE!


Julinho, Laís, Xisto, eu e Rodney

Paulo Xisto! Mineiro de BH (o que faz dele um apreciador de boa cachaça), torcedor do Atlético e baixista de uma das maiores bandas de metal do mundo - Sepultura! - o cara é humilde e muito gente boa. No Bar do Luiz Nozoie - sensacional! -, Xisto e seus camaradas do FURABREJAS (http://furabrejas.blogspot.com/) bateram um papo bacana comigo e meus amigos.

O Sepultura está em São Paulo gravando o disco novo. As sessões estão sendo transmitidas pela TV Trama via Youtube. Entre uma estilingada e outra no seu instrumento, Xisto sai com os amigos para comer um petisco. O Bar do Nozoie é um dos pontos escolhidos para essas reuniões. Eventualmente, tem cerveja gelada na mesa...

Nesta sexta-feira, acabou esbarrando com uns fãs da banda munidos de celulares fotográficos (como se existisse outro tipo)...

Se os demônios do rock me dessem a incumbência de escolher 19 músicas do Sepultura, seriam essas:

"As It Is" (Roorback, 2003)
"Born Stubborn" (Roots, 1996)
"Boycott" - (Against, 1998)
"Dead Embryonic Cells" (Arise, 1991)
"Desperate Cry" (Arise, 1991)
"Fighting On" (Dante XXI, 2006)
"Inner Self" (Beneath The Remains, 1989)
"Mind War" (Roorback, 2003)
"Nomad" (Chaos A.D., 1993)
"One Man Army" (Nation, 2001)
"Ostia" (Dante XXI, 2006)
"Refuse/Resist" (Chaos A.D., 1993)
"Roots Bloody Roots" (Roots, 1996)
"Sadistic Values" (A-Lex, 2009)
"Sepulnation" (Nation, 2001)
"Straighthate" (Roots, 1996)
"Territory" (Chaos A.D., 1993)
"We Who Are Not As Others" (Chaos A.D., 1993)
"Who Must Die?" (Nation, 2001)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A REDE SOCIAL, de David Fincher

The Social Network - EUA- 2010 - Drama - 120min. Roteiro de Aaron Sorkin baseado no livro The Accidental Billionaires, de Ben Mezrich. Com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rachida Jones, Rooney Mara, Max Minghella.

"Como toda história que se preze, é por causa de uma garota".

Esta frase que abre o filme Homem-Aranha não está em A Rede Social. Mas poderia.

Após tomar um fora natural de sua então namorada, Mark Zuckerberg correu para seu dormitório em Harvard e destruiu a reputação da moça em seu blog pessoal. Em seguida, criou um site no qual comparava fisicamente as garotas da universidade e compartilhava suas opiniões com outros "cavalheiros". A brincadeira calhorda foi tão acessada que causou a queda dos servidores da instituição. O sucesso despertou o interesse de dois playboys membros da equipe de remo, os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss. Os caras tiveram a idéia de criar uma rede social interna, com o objetivo simples de conhecer garotas e queimar testosterona. Zuckerberg abraçou a idéia, e após 42 dias de trabalho, criou o Facebook. Os Winklevoss foram os últimos a saber.

A criação do Facebook, maior rede social do planeta, renderia uma história interessante por si só, mas calhou de ter um personagem como Zuckerberg no comando do negócio. Então, muito mais interessante contar como um sujeito sem o menor apelo social (pelo contrário - podemos dizer que o rapaz é "repelente") criou uma ferramenta tão conflitante com sua personalidade. Gênio para juntar algoritmos e códigos binários, Mark mostra-se totalmente incapaz de racionalizar e sentir ao mesmo tempo. Como não estamos diante de um filme de mistério e David Fincher tem consciência do seu material, a brilhante cena de abertura desnuda o personagem por completo: sem esboçar emoção, Zuckerberg profere frases ofensivas à namorada, certo de que não está fazendo nada "errado". Perdeu a garota nesse momento, e não conseguiu entender o motivo.

Do início ao fim, a verborragia come solta. Não há suspense ou ação. Sob o comando de um Ron Howard, o filme provavelmente seria um enfadonho e choroso retrato do "gênio incompreendido" (e ainda seria indicado a 40 prêmios Oscar!). Com David Fincher, as cenas de conciliação judicial ganharam uma edição esperta que intercala falas ágeis com flash backs empregados com o fim precípuo de contar a história com didatismo suficiente para que cada espectador tire suas conclusões sobre o comportamento de cada personagem.

Porém, esta agilidade que dá ao filme um dinamismo ímpar para um drama biográfico não arrefece nossa consternação ao observar a inépcia social do protagonista em sua jornada rumo à inevitável solidão, pois percebemos que, com sua personalidade difícil atrelada à (ou por causa da) sua genialidade, Mark Zuckerberg seria um homem solitário mesmo que ganhasse um bilhão de dólares e tivesse um milhão de amigos.

NOTA: A