domingo, 27 de junho de 2010

ATIVIDADE PARANORMAL, de Oren Peli ("Paranormal Activity" - EUA - 2009 - terror - 86min) Roteiro: Oren Peli. Com Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Amber Armstrong, Ashley Palmer.

O mestre do terror Stephen King é o maior nome contemporâneo da literatura do gênero por um motivo: sabe como ninguém criar terror e suspense baseados na sugestão, apostando sempre na imaginação do leitor. Outro mestre, William Peter Blatty, escreveu O Exorcista e criou o romance de terror definitivo, estabelecendo que as mais assustadoras histórias são aquelas que tem como inimigo o demônio - a personificação do mal difundida ao longo dos milênios pelas mais diversas religiões.

Pois Oren Peli realizou um filme que além de utilizar o cão como inimígo, reluta em lhe dar um rosto, criando um dos ambientes mais sufocantes dos últimos tempos. O enredo é simples: um jovem casal americano é atormentado por inexplicáveis acontecimentos durante suas noites de sono, e decide colocar uma câmera ligada no quarto enquando dormem. Dizer mais que isso é estragar o susto alheio.

A aplicação de um recurso nada novo - a câmera subjetiva, com a forte impressão de filmagem amadora - contribui para criar o clima de medo crescente ao qual o espectador é submetido desde a primeira noite gravada pelo equipamento. O filme todo é visto pelo ponto de vista do casal, com a câmera na mão. O ambiente perturbador se estabelece desde os letreiros iniciais do filme, que fecha também de forma terrível. Assista à noite, com atenção, e torça para ter bons sonhos.

NOTA: A

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MOTORADIO: BUSH - "Glycerine"

Era início da década de 90 e o grunge mantinha o rock vivo. Na estrada desde 1992, a banda inglesa Bush só conseguiu lançar seu primeiro play, Sixteen Stone, em 1994, depois de bater, sem sucesso, à porta de várias majors e encontrar abrigo na Atlantic Records. Como a maioria das bandas surgidas após o estouro do grunge, os caras claramente seguiam os passos do Pearl Jam nas composições, até o vocal de Gavin Rossdale tinha momentos de Eddie Vedder. Isso gerou antipatia entre os e críticos, que foram quase unânimes na rejeição a Sixteen Stone e aos demais trabalhos do Bush. Porém, o público e a MTV, enebriados pelo rock de Seattle, aceitaram bem as guitarras distorcidas dos londrinos e o álbum alcançou grande sucesso nos EUA.

Longe de ser original, Sixteen Stone é um bom disco. Pesado, bem tocado e com produção tipicamente suja, o sucesso do álbum revelou coisas bacanas como "Machinehead", "Little Things" e "Comedown", mas o som que fica no ouvido é o de "Glycerine". Totalmente diferente das outras músicas do disco, "Glycerine" foi gravada tendo como base somente uma guitarra distorcida que emulava a batida de um violão, sem a inclusão de baixo e bateria. O pedal regulado do início ao fim na mesma distorção, sem a cozinha, o vocal rouco de Rossdale e um belo arranjo de cordas que faz toda a diferença no resultado final. Bela canção. Era o sopro de originalidade do disco, que ficou óbvia de tanta execução em rádios e MTV. Rossdale tentou copiar a fórmula nos álbuns seguintes, sem a mesma felicidade.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pergunte “Qualquer Coisa” ao Clichê

Por KLEBERSON SOUZA*


Pensar semiprofundamente sobre o “que” escrever e duelar laboriosamente diversos sutis gladiadores vocábulos, até a previsível quaseconclusão de que a chamada realidade resume-se no “tudo” já apresentado (muitas vezes, admitamos, ignorado ou pisoteado pela praticidade dinâmica da globalização tecnológica) e, então, o criar torna-se transfigurar o mais tradutoriamente como que evidenciando o óbvio com adornos artísticos ou algo parecido. Eis a mais simplória consciência da não originalidade. Remostrar. Insistir. Sofrer sem pesar; o louco do agora, o ícone do porvir e o clichê do para sempre...

Irrmão, acho que fui religiosamente claro, não?! O mesmo assunto, saibam, renderia uma eternidade de visões e discussões.

Ainda não interpretei “Qualquer Coisa” nem de Caetano Veloso, nem de ninguém. Ainda bem!



* Kleberson Souza é meu irmãozinho. Camisa 10 habilidoso, músico, cantor, compositor, poeta, e filho caçula da Dona Alaide e Seu José. Te amo, neguinho!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

FADE OUT (chegou o momento de postar minha despedida oficial do mundo aon)


A morte é a única verdade absoluta.

Vivemos na possibilidade de partir a qualquer momento.

Então, por que diabos uma despedida é tão difícil? Já que o fim é inevitável, por que se despedir não é um ato instintivo, como se alimentar ou fazer sexo?

Estou redigindo este epitáfio há dias. Embora tenha plena consciência de que nada é feito para durar, tenho grande dificuldade em dizer “adeus”. Não consigo encontrar as palavras certas para descrever meus sentimentos ao deixar coisas pelo caminho. Mas a jornada é essa, não é? Ganhar, perder, abandonar, ser abandonado. Só esqueceram de incluir na Bíblia o treinamento para tanto. Mas tudo bem. Já passei por isso antes e passarei outra vez. Até conhecer a verdade absoluta.

Estive com vocês por 20 meses. Criei vínculos intensos com vários ao longo deste tempo. Fiz amigos. Pessoas que, mesmo que o contato cesse pelo ciclo natural das coisas, permanecerão por muito tempo na minha mente e retina. Posso afirmar que este período foi um dos mais prolíficos e enriquecedores da minha vida.

Em 20 meses, confirmei que grandes mudanças estão sempre a um passo – um passo! – de acontecer. Aprendi que é preciso coragem para dar esse passo, mas que nem sempre é covardia retroceder. Ser conseqüente está no lado bom da personalidade. Pratique.

Senti que a frustração presente sempre é maior que aquela superada. As recompensas do presente também são mais saborosas.

Confirmei que ao ceder algo bacana de mim a alguém, sempre há uma contrapartida.

Obrigado para quem me ensinou muito e para quem aprendeu algo comigo, sobretudo para aqueles que a troca de sabedoria foi natural e simultânea; para os iluminados que sempre souberam o que dizer quando eu estava puto; para os que souberam ficar calados quando sentiram que dessa forma me ajudariam mais; para os que aceitaram minhas conversas e brincadeiras; para aqueles que tiveram paciência de ouvir meus conselhos; para quem entreguei diariamente notícias de anteontem; para todos que precisaram de ajuda para incrementar o e-mail com alguma palavrinha esquisita ou para arrepiar um chato; para quem precisou de ajuda em um discurso, vejam vcs, de despedida. Agradeço aqueles que entendiam meu cinismo (alguns até achavam engraçado); a todos que não julgavam meu ceticismo; para os que me enriqueceram profissionalmente; para quem dividiu comigo mesa de bar e confidências; para aqueles que me deixaram fascinar por um tostão da própria vida, dividindo sonhos, opiniões, angústias, segredos, lágrimas.

Obrigado por me fazer rir muito. Eu ri demais com as cabocladas, as palhaçadas, as sacadas geniais, com o sarcasmo que nos motiva a sair da cama. Rir de nós mesmos é a melhor terapia, e muitos aí fazem isso com extrema competência.

Desculpem se fugi, se insisti, se agredi, se menti. Minha natureza intensa e inquieta me compele a cometer alguns excessos.

Às pessoas que magoei sem querer, me desculpem. Quem eu magoei conscientemente, espero que ambos tenhamos aprendido algo com o episódio.

Quem é meu amigo não deve encarar esse e-mail como uma despedida, pois sei que o contato será mantido. Atenha-se à parte dos agradecimentos e desculpas. Para os demais, quero que saibam que o convívio foi enriquecedor.
 
Muito Obrigado e muito boa sorte a todos.

Sentirei muita falta da convivência e das risadas.

Fade in.

terça-feira, 8 de junho de 2010

MOTORADIO - Soundgarden's "Beyond The Wheel", April 16, 2010 - Showbox Market Seattle, WA

Isso mesmo, 2010. Se duvida, olha as barbas brancas de Kim Thayil.

E não vou ficar com lenga-lenga de "porra, voltou finalmente!", "os caras são foda", "caça-níquel" e blá, blá, blá. Quem, como eu, se alimenta até hoje do rock de Seattle, sabe do tesão que é ver esses caras juntos de novo, fazendo shows e, putz, tocando "Beyond The Wheels" com requintes de crueldade. Foda-se se o aluguel ficou caro e Chris Cornell precisou capitalizar (é até piada dizer que o frontman do Soundgarden e Audioslave, autor de "Black Hole Sun", precisa de dinheiro), ou se sua parceria com o Timbaland o desacreditou perante a família (eu ouvi o tenebroso album Scream); o importante de verdade é ver o cara testando ao limite suas abençoadas (ou amaldiçoadas?) cordas vocais. E Cornell as utiliza com estupidez... Nesta versão ao vivo de "Beyond", o maluco vai do grave soturno ao agudo extremo em nano-segundos, sem fazer cocô no palco. E a melodia macabra, distorcida com extrema competência pela elétrica de Thayil nunca fora antes melhor executada. Matt Cameron... Ah, Matt, mothafucka, por que vc não toca deste jeito no Pearl Jam??? Se a qualidade do couro de gato do Soundgarden é melhor, leva caixas e bumbos pra garagem do Eddie!!!


Sensacional. Eu vi o show do Chris Cornell no Credicard Hall em 2007, e o cara se esgoelou por quase duas horas e meia. Bem afortunadas as localidades que receberem a visita do Soundgarden, versão retorno.

Aí está o link do vídeo.