quinta-feira, 13 de outubro de 2011

TE AMAREI PARA SEMPRE, de Robert Schwentke

"The Time Traveler's Wife" - EUA - 2009 - Ficção Científica/Drama - 107min. Roteiro: Bruce Joel Rubin, baseado no romance homônimo de Audrey Niffenegger. Com Eric Bana, Rachel McAdams, Ron Livingston, Jane McLean, Hailey McCann, Tatum McCann.

Doutor Destino

Embora sejam absurdos e obviamente inverossímeis em seu plot, filmes sobre viagens no tempo são fascinantes. Mesmo os mais fracos, como Déjà Vu, conseguem prender a atenção da audiência com os obrigatórios paradoxos temporais e suas consequências.

Te Amarei para Sempre (vergonha alheia pelo açucarado título brasileiro), surpreende por mostrar um drama familiar tendo o romance como força motriz, sob o mote de viagens temporais, no caso, do personagem Henry DeTamble (Bana), que simplesmente nasceu com uma anomalia genética que o transporta ao passado e futuro sem que ele possa controlar. Em uma dessas viagens, conhece a criança Clare Abshire e passa a encontrá-la através do tempo, criando uma curiosa ligação com a personagem.

Inteligente com o roteiro que lhe foi confiado e com seu público, Robert Schwentke evita dar maiores explicações sobre os "poderes" do protagonista e estabelece uma dinâmica surpreendentemente fluída entre Clare, as manifestações do Henry viajante e os paradoxos temporais - ela se apaixona por um Henry envelhecido vindo do futuro e encontra um Henry jovem no presente, invertendo a situação de acordo com o passar dos anos. Assim, Clare convive com duas versões do mesmo homem. O roteiro é amarrado de forma a explorar muito bem os paradoxos, com as duas versões de Henry desempenhando papéis importantíssimos para o desenrolar da trama.

Eric Bana, sempre um ator duro em suas atuações, consegue equilibrar as versões do seu personagem, passando a angustia de aparecer em algum lugar estranho sem aviso prévio ou a serenidade de alguém que  já conhece doçuras e agruras do próprio futuro. Rachel McAdams, jovem atriz que usa seu olhar com talento desconcertante, compõe Clare da forma mais graciosa que já vi em um personagem seu - ela nunca esteve tão naturalmente linda e delicada como neste filme.

Se o círculo se fecha de forma coerente ao final do longa, a conclusão nos coloca diante de um curioso ponto filosófico: se por um lado Henry não possui controle algum (não sabe quando ou para onde está viajando) e não consegue alterar fatos ocorridos (assiste ao acidente que vitima sua mãe no início do filme diversas vezes), por outro molda suas ações com Clare e o planejamento de sua vida ao lado dela de forma a aproximar ao máximo sua trajetória da lendária entidade que chamam de "destino".


NOTA: