sábado, 16 de janeiro de 2010

(500) DIAS COM ELA, de Marc Webb ((500) Days Of Summer, EUA, 2009 - Romance - 95min). Roteiro: Scott Neustadter e Michael H. Weber. Com Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Clark Gregg, Geoffrey Arend, Patricia Belcher, Chloe Moretz

Rotular (500) Dias Com Ela como "comédia romântica" é colocá-lo no mesmo balaio de produções formulaicas, otimistas e de finais idênticos, que lotam as locadoras todo ano.

Com tom realista e imune a concessões, esta pérola do semi-estreante Marc Webb já entra com 1x0 no jogo por tratar-se de um filme romântico visto pelo ponto de vista masculino. E ao contrário do que se possa imaginar, o protagonista se entrega e sofre como as heroínas sensíveis, mostrando que o longa está mais próximo do realismo humano que dos clichês inerentes a produções similares. Porque um cara pode de fato ser assim, o problema é o desenrolar do jogo e necessidade de se esconder, ou não aceitar, determinado sentimento.

O ponto de partida é fácil: arquiteto frustrado, Tom Hansen (Gordon-Levitt, muito convincente) trabalha em uma empresa criadora de cartões sentimentais, local onde conhece Summer (Zooey Deschanel, a criatura da foto). Em uma cena bacana no elevador, vão descobrir que possuem o mesmo gosto musical e, poucas cenas depois, Tom está apaixonado. Mas Summer não é grande entusiasta desse tal de amor, portanto, a vida de Tom não será fácil.

O segundo gol de Webb é marcado pela edição esperta adotada para contar a história. Ele escolhe aleatoriamente alguns dias dentre os 500 do título e, em formato de montanha russa, acompanhamos os altos e baixos do relacionamento dos protagonistas. Escolher dias aleatórios para acompanhar a vida do casal é calculado para emoldurar o tom do filme, claramente um libelo contra o superestimado "destino".

Apesar de não se apoiar em clichês, ao ver (500) dias... me lembrei de duas produções recentes: Separados Pelo Casamento, também calcado na cruel realidade, e o mais convencional Minhas Adoráveis Ex-Namoradas, no qual um divertido Michael Douglas diz ao seu pupilo Matthew McConaughey que, "em um relacionamento, quem se importa menos tem o controle". E não é verdade? Tom sofre porque se entrega sem adotar os corriqueiros "joguinhos da relação", que limita muito a intensidade e o prazer que determinado relacionamento pode atingir. Consequentemente, quem é intenso tende a perder, sofrendo um bocado no processo.

As mulheres que assistem ao filme tendem naturalmente a demonizar Summer, a mocinha ingrata que encontrou um suposto principe encantado sem dar o devido valor. Mas visto do ponto de vista menos fantasioso, é reconfortante observar que tudo de intenso nesses 500 dias vividos foi bom para ambos, pois os tocou profundamente, de forma diversa. No fim, valeu a pena. Tom, pelo menos, aprendeu que as possibilidades estão além do destino, residem no acaso puro e simples, conduzido por suas escolhas. Para Summer, a lição é que o amor não possui regras; o frio na barriga acontece quando menos se espera. Neste momento, toda teoria vai privada abaixo.

Ao subir os créditos finais, algo fica claro: quem passa pela intensidade de um sentimento apaixonado, sendo correspondido ou não, jamais sai imune do processo. Algo se quebra. Ou se conserta.

NOTA: A

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