quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

2012, de Roland Emmerich (EUA, 2009 - Ficção Científica/Ação - 158min). Roteiro: Roland Emmerich e Harald Kloser. Com John Cusack, Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet, Oliver Platt, Danny Glover, Thandie Newton e Woody Harrelson.

Às vezes parece que qualquer um faz filme em Hollywood. Vamos lá: escolha uma especialidade (ex.: ação barulhenta e sem enredo), tenha o mínimo conhecimento teórico sobre o negócio, coloque umas câmeras em locais inusitados, copie o estilo de alguém muito bom (ou de vários muito bons) e go ahead! A "especialidade" que escolhi aleatoriamente foi uma desculpa para criticar Michael Bay, que nunca tem um roteiro de verdade em mãos, mas sempre cria explosões e perseguições legais, levando a molecada ao cinema - por isso, filma aos montes com orçamentos gigantes e astros do primeiro time. E daí que as explosões e perseguições são copiadas de John Woo, John McTiernan, Richard Donner, Tsui Hark?...

Mas o assunto aqui é Roland Emmerich, o alemão realizador de filmes-catástrofe.

Como o cara que filmou o bacana Soldado Universal com Van Damme e Dolph Lundgreen saindo na porrada pôde realizar bobagens como 10.000 A.C. e esse 2012? O outro filme catástrofe do alemão, O Dia Depois de Amanhã, é até bacana; a busca do pai pelo filho durante o apocalipse é mais convincente (posso chamar assim?) do que o pobre John Cusack discutindo a relação com Amanda Peet enquanto o mundo desaba.

Os efeitos especiais são muito bons, e somente por estes o filme vale algo. E mesmo assim, o criador do trailer teve o capricho de colocar TODAS as cenas de destruição do longa no filminho promocional. O personagem de Woody Harrelson também traz certo alento. Fazendo um radialista aparentemente louco, definitivamente excêntrico, o ator parece ser o único a sacar o tom do filme - e se divertir no processo.

Cusack? Para mim, um dos atores mais confiáveis do cinema, aceitou estrelar a bomba - e mesmo depois de ler suas falas! Infelizmente, ele falha no mais prosaico para um herói do cinema: não consegue empatia com a platéia em sua cruzada. Eu estive totalmente indiferente aos seus esforços heróicos durante a (bocejante) projeção. E olha que o roteiro tenta de tudo para nos comover: o personagem de Cusack é um escritor fodido que não se sustenta com as vendas do seu livro (por isso dirige uma limusine), é rejeitado pela mulher, o ídolo do seu filho mais velho é o padrasto, até os filhos feios do seu patrão o tratam como lixo. Junte tudo isso ao drama de precisar proteger a família inteira da morte certa no apocalipse. Pois é, e mesmo assim, não dá liga. Está deslocado, John!

Emocionalmente vazio (e estamos falando de uma reconciliação familiar em meio ao armagedon!), cenas que contam demais com a condescendência do espectador (a cena do avião... putz...) e muito longo para pouco dizer, 2012 está arrebentando nas bilheterias mundiais, e assim como o terrível Transformers: A Vingança dos Derrotados, de Michael Bay, já é um dos filmes mais vistos de 2009. Sinal de que teremos muitas produções como 2012, Transformers, G.I. Joe  e (infelizmente) X-Men Origins: Wolverine, com orçamentos monumentais, cenas absurdas e nada a dizer. Triste.

NOTA: D

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