sexta-feira, 20 de maio de 2011

MOTORADIO: The Strokes - Angles (2011)

O rock precisa de salvação?

Algumas pessoas acham que sim.

Uma puta que já pariu Berry, Presley, Hendrix, Zappa, Fogerty, Angus, Clapton, King, Bowie, Mercury e até os gêmeos Page & Plant, Lennon & McCartney, Jagger & Richards precisa ser salva por quem?

Se o mundo fosse dominado por fanáticos religiosos em 1979 e o rock banido para sempre da vida terrestre, a quantidade e qualidade do que fora produzido até então supriria qualquer necessidade satânica enquanto existisse energia elétrica. Duvida? Olha de novo os nomes em negrito.

Então, porque os coitados dos meninos dos Strokes precisam salvar a porra do rock o tempo todo???

Não precisam e não o pretendem, como atesta esse Angles, tão bom e tão característico como qualquer álbum anterior dos Strokes.

Se alguém me disser que "Under Cover Of Darkness" não caberia entre as 11 faixas do Is This It, tal qual um Eddie Murphy antigas eu perguntarei: whyyyyy? Dançante-não-vulgar, é rock com vocal emotivo e sem filtro, uma das músicas que mais tenho ouvido ultimamente. A melhor. E se a banda teve coragem de colocar a melhor do disco em segundo na ordem de trilhas, é porque existe mais coisa boa na sequência. "Two Kinds Of Happiness" segue a pegada "início dos 80's", com um Julian Casablancas caprichando na emoção vocal. A propósito, taí algo legal no disco: Casablancas parecia inseguro nos dois plays iniciais e não registrou nenhum vocal sem filtro. Até hoje não é dado à variações vocais, mas desde o sensacional First Impressions Of Earth, limitou os truques de estúdio e consegue usar o natural com criatividade. Ok, às vezes ainda usa um filtro, um efeito inofensivo, ou simplesmente acompanha o riff, como na eletro-rock bacanuda "Taken For A Fool". Em "Gratisfaction", a batera do Fabrizio Moretti ajuda no refrão Beatle. Batera não-virtuose bacana esse Moretti...  Fecha o play a bela "Life Is Simple In The Moonlight". Yep.

A cerveja só esquenta quando os messias do rock querem fugir do be-a-bá com eletronices excessivas ("Games"), ensaiam reggae de playboy ("Machu Picchu") e mandam uma bossa nova sem vergonha ("Call Me Back"). Eles devem ter escrito essa para ficar bem claro que nunca salvarão a bossa nova.

NOTA: B 

Nenhum comentário:

Postar um comentário