Ser um bom contador de histórias não é fácil. João Daniel Tikhomiroff, experiente diretor de filmes publicitários, escolheu estrear em longas adaptando o livro Feijoada No Paraíso de Marco Carvalho. O livro narra a interessante história do Manuel "Besouro Mangangá" Pereira, lendário capoeirista do Recôncavo Baiano dos anos 20. Tikhomiroff tinha intenção de basear o enredo na capoeira e no heroísmo de Besouro, e contratou o chinês Huen Chiu Ku (coreógrafo de Kill Bill), para criar cenas de ação com cabos e proezas sobre-humanas.
Não deu certo.
De premissa ousada (basta ver nosso histórico cinematográfico recente), nada funcionou como deveria: o elenco não consegue dar credibilidade aos personagens; a montagem parece um amontoado de cenas; o herói não empolga, o vilão não apresenta desafio; o roteiro não desperta interesse em nenhum momento. A necessidade de explicar o “corpo fechado” do herói e sua devoção ao candomblé não se encaixa na narrativa. Também não se encaixa o triângulo amoroso entre Besouro, a mocinha Dinorá e seu amigo Quero-Quero. Além de ser um arco totalmente fora do contexto do filme, não há química alguma entre o trio de atores. A pá de cal: as cenas de ação, tão caras e essenciais ao enredo, são raras, enfadonhas e sem empolgação.
E o final, um anticlímax atroz, certifica que boas intenções, audácia e recursos não bastam para realizar um grande filme. Saber como contar a história ainda é essencial.
NOTA: D-
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