EUA - 2011 - Aventura/HQ - 114min. Roteiro de Ashley Miller e Zack Stentz. Com Chris Hemsworth, Natalie Portman, Anthony Hopkins. Tom Hiddleston, Stellan Skarsgard, Kat Dennings, Clark Gregg, Idris Elba, Ray Stevenson, Jaimie Alexander, Rene Russo.
Prequel divertido
É difícil não gostar de Thor quando se acompanha os quadrinhos da Marvel desde criança (no meu caso, desde os 6 anos de idade).
É difícil não gostar de Thor quando se acompanha os quadrinhos da Marvel desde criança (no meu caso, desde os 6 anos de idade).
Não me refiro à qualidade cinematográfica do longa, pois os problemas da adaptação são muitos. Estou falando da nostalgia, dos deuses imortais, da ponte do arco-iris e seu guardião (Heimdall), do Destruidor, de Loki, da exagerada e dourada Asgard, de Odin e, principalmente, de um filme de super-herói em uma aventura típica de gibi.
Se Homem de Ferro e O Incrível Hulk mantém-se firme em busca de um tom mais realistico, Thor escancara a fantasia das HQs, enquadrando até a S.H.I.E.L.D. neste conceito. Tudo, claro, com o intuito de incluir o Deus do Trovão no universo criado em celulóide que culminará no longa-metragem dos Vingadores, o projeto mais ambicioso do formato desde que Richard Donner lançou Superman em 1978.
Essa atmosfera e a quantidade de boas cenas de ação são alguns dos poucos elogios que posso tecer à Kenneth Branagh, cineasta especializado em Shakespeare seduzido pelos milhões e o apelo das adaptações quadrinísticas (será que ainda há dúvidas de que trata-se de um novo gênero cinematográfico?). A propósito, é um grande mérito da Marvel atrair cineastas autorais para seus projetos (vide Ang Lee, Sam Raimi e Bryan Singer), ainda que, ao contrário dos citados, Branagh não tenha oferecido muito além daquilo que já mencionei, combinando ângulos mirabolantes e vilões bem conduzidos. Sua propalada fama de diretor dramático pouco representa à trama do deus que é banido do seu reino pelo próprio pai para aprender lições de humildade na Terra.
O grande problema de Thor como cinema é a rapidez com que o arrogante protagonista torna-se humilde e digno da compaixão de Odin após passar aparentemente um único dia na Terra; seu relacionamento com a mortal Jane Foster (Natalie Portman de férias), que se apaixona pelo rapaz esquisitão após meia dúzia de diálogos; e a incômoda impressão de que as soluções são apressadas e sem compromisso com a plausibilidade.
Ainda assim, Thor diverte bastante como "filme de gibi" para os iniciados e como "filme de ação" para quem não dá a mínima para história em quadrinhos.
Em tempo: se há alguma ousadia nesta adaptação, é a de servir descaradamente como prólogo para Os Vingadores, impressão reforçada pela reveladora cena após os créditos.