Sou condescendente com Adam Sandler. Confesso. Para apreciar os filmes do comediante, é preciso uma boa dose de condescendência. O estilo de Sandler é do “cômico bravo”, aquele que aposta no humor negro, no sarcasmo, na ironia e, vejam vocês, na raiva. É um comediante raivoso, mesmo quando o filme pretende ser leve. Essa raiva vem aumentando consideravelmente a cada filme, e nota-se também uma procura pelo drama (quem está lendo esse post assistiu Click ou Como se Fosse a Primeira Vez?). Pois bem: neste Tá Rindo do Quê? (título brasileiro idiota para o irônico e bem sacado Funny People) Sandler vive um comediante rico e famoso que se descobre com um tipo raro de leucemia. À beira do morte, o cara transfere toda a amargura para suas apresentações de "stand up comedy" e para suas relações pessoais. E, se em alguns filmes é possível rir com Adam Sandler, em Funny People isso é impossível, mesmo na companhia da sensação Seth Rogen, também em atuação desequilibrada. Judd Apatow, o diretor das comédias “sérias” e longas demais (seus filmes não tem menos de 2 horas de duração – quem está lendo esse post assistiu aos ótimos O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos?) exagerou na dose e não acertou em alvo algum; o filme não é triste a ponto de comover e não é engraçado a ponto de fazer rir. É um meio-termo macabro que não sai do lugar, nada acontece. É impossível não compará-lo com os dois longas citados, perfeitamente equilibrados entre comédia, romance e drama.
Só não dou uma nota “E” bem vermelha para o longa porque Apatow teve a manha de jogar na tela uma ironia cáustica, inerente à vida: a funny people do filme, composta por comediantes profissionais especializados no improv apreciado por platéias americanas, é uma gente mesquinha, mentirosa, melancólica e pobre de espírito. O americano gosta mesmo de rir das suas desgraças.
NOTA: D-
NOTA: D-
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